Um fenómeno atmosférico extremo deixou uma marca inesperada na atmosfera da Terra, semanas depois de uma poderosa tempestade solar ter provocado uma supertempestade geomagnética sem precedentes. Investigadores japoneses e norte-americanos confirmaram que este evento gerou alterações incomuns numa zona pouco explorada da ionosfera terrestre, conhecida como camada E.
O episódio, ocorrido entre 10 e 11 de maio, foi causado por uma erupção solar de grande magnitude que desencadeou efeitos notáveis na atmosfera superior, entre 90 e 120 quilómetros de altitude. Pela primeira vez, cientistas da Universidade de Kyushu identificaram mudanças significativas nas chamadas camadas E esporádicas, regiões finas de alta densidade ionizada que surgiram com intensidade durante a fase de recuperação da tempestade, segundo o site Live Science.
As consequências atmosféricas da tempestade solar
Graças a uma combinação de dados espaciais e terrestres, incluindo observações do satélite COSMIC-2 e 37 ionosondas espalhadas por todo o mundo, os investigadores conseguiram rastrear a evolução destas anomalias. De acordo com a sua análise, estas camadas apareceram inicialmente em latitudes polares e espalharam-se progressivamente em direção ao equador, uma característica que sugere a influência de ventos neutros alterados na região E.
Os efeitos foram especialmente evidentes sobre o sudeste asiático, Austrália, Pacífico Sul e Pacífico Oriental. A magnitude da tempestade, com um índice Dst inferior a -400 nT, permitiu observar claramente como a ionosfera inferior pode responder a eventos solares extremos, algo que até agora era considerado improvável nessa zona específica da atmosfera.
Estas alterações têm implicações práticas relevantes. As camadas E esporádicas podem perturbar as comunicações por rádio nas bandas HF e VHF, amplamente utilizadas na navegação aérea e marítima. Compreender como estas camadas se formam e se comportam em situações de alta atividade solar é fundamental para antecipar interrupções tecnológicas e melhorar a preparação para o clima espacial.