Michel Dupont descobre uma veia avaliada em milhares de milhões no seu jardim em Auvernia, mas a lei atribui ao Governo a propriedade do subsolo e congela qualquer extração.
Michel Dupont, agricultor de 52 anos, teve a surpresa da sua vida ao encontrar na sua parcela rural uma veia de ouro estimada em 4 mil milhões de euros. No entanto, a euforia durou pouco: a legislação francesa declara que «tudo o que está debaixo da terra é do Estado», pelo que a mina foi selada enquanto se estudam os riscos ambientais. Imagina encontrar um tesouro e não poder tocar nele?

A legislação mineira francesa, concretamente o Código de Minas, estabelece que os recursos do subsolo pertencem ao Estado, independentemente do título da superfície. Isto implica que Dupont não pode iniciar a exploração nem vender a descoberta por conta própria. Portanto, qualquer passo requer autorização pública, licenças de investigação e, em última instância, uma concessão mineira. E sim, tudo isso envolve longos trâmites burocráticos. Cuidado com os prazos!
Procedimento e estudos ambientais necessários antes de autorizar uma exploração mineira em território rural francês
Antes de mover um único grama de terra, a Administração deve abrir um processo que inclui:
- Relatório geológico preliminar.
- Avaliação completa do impacto ambiental.
- Consulta pública e alegações dos vizinhos.
Somente após passar por esses filtros é que se decide se a concessão de exploração será concedida ou não. Quem apresenta a documentação? O potencial operador, mas sempre sob o olhar atento do Ministério da Transição Ecológica.
A tabela a seguir resume as etapas e os órgãos envolvidos:
Procedimento Responsável Prazo orientativo Documento-chave
Trámite | Responsable | Plazo orientativo | Documento clave |
---|---|---|---|
Informe geológico | Serviço Geológico Francês | 3-6 meses | Memória técnica |
Estudo de impacto | Empresa consultora | 6-12 meses | Relatório ambiental |
Consulta pública | Prefeitura | 30 días | Ata de alegações |
Concessão mineira | Conselho de Estado | 6-12 meses | Decreto oficial |
Como se pode ver, o processo pode se prolongar por mais de dois anos. Por isso, muitos projetos acabam arquivados antes mesmo de começar.
Empregos esperados, riqueza potencial e receios da vizinhança rural
A Dupont não é a única envolvida. O jazigo de 50 toneladas de ouro, segundo cálculos preliminares, poderia gerar centenas de empregos diretos e dinamizar uma região envelhecida. No entanto, os grupos ambientalistas temem a contaminação dos rios e a destruição da paisagem.
«Amamos o nosso campo pela sua tranquilidade», comenta um vizinho. Consequentemente, o debate gira em torno da promessa de riqueza e do risco ambiental. O que pesa mais?
O caso lembra a tentativa de exploração na Guiana Francesa, paralisada pelos tribunais em 2021 após fortes protestos ambientalistas. Na altura, a justiça deu prioridade à proteção da floresta tropical em detrimento dos benefícios económicos.
Portanto, não seria estranho que a história se repetisse em Auvergne se os relatórios ambientais forem desfavoráveis.
Passos que Michel Dupont deve seguir se quiser beneficiar legalmente
- Solicitar uma licença de investigação a título individual ou associar-se a uma empresa mineira.
- Apresentar os estudos exigidos pelo Ministério.
- Negociar uma compensação económica (royalties) com o Estado se a exploração receber luz verde.
Antes de avançar, é aconselhável consultar advogados especializados em direito mineiro e ambiental. É melhor prevenir do que lamentar!
Até ao fecho desta edição, a jazida permanece guardada e sem data para a sua possível exploração. Será que Dupont verá alguma parte dessa fortuna? Só o tempo e a burocracia o dirão.