Quando o vazio responde: Cientistas conseguem gerar luz sem matéria numa simulação realista

Há décadas, a física quântica sugere que o vazio não é realmente vazio. Agora, investigadores de Oxford e Lisboa levaram essa ideia um passo adiante com uma simulação em 3D que mostra como a luz pode emergir diretamente do vazio. Não se trata de uma teoria abstrata, mas de um modelo numérico extremamente preciso, que antecipa futuros experimentos com lasers ultraintensos em laboratórios reais.

Luz do nada: o que diz a física quântica

O vazio quântico, longe de ser um espaço desprovido de tudo, é um caldeirão de partículas virtuais que aparecem e desaparecem incessantemente. Através de um fenómeno chamado mistura de quatro ondas, foi demonstrado que, se três feixes de laser forem direcionados numa configuração geométrica específica, é possível gerar um quarto feixe de luz a partir desse vazio.

Esta ideia, prevista há anos, foi agora simulada em detalhe através de um modelo que reproduz fielmente as condições físicas, incluindo a duração, intensidade e ângulo dos feixes. O mais surpreendente: a luz resultante não só aparece, como se propaga como um impulso real, com propriedades mensuráveis como forma, direção e velocidade, muito próximas das da luz convencional.

A simulação que mudou tudo

A ferramenta fundamental para conseguir isso foi uma versão ampliada do código OSIRIS, um software de física de plasmas adaptado para incluir correções quânticas derivadas da formulação de Heisenberg-Euler. Isso permitiu modelar o comportamento do vazio diante de campos eletromagnéticos extremos com uma precisão sem precedentes.

Ao contrário de modelos anteriores mais idealizados, esta simulação levou em consideração detalhes experimentais reais. Observou-se que o feixe gerado apresentava certas irregularidades, como um perfil astigmático, que coincidem com previsões teóricas avançadas. Este nível de detalhe será crucial para projetar futuros experimentos em centros como a Extreme Light Infrastructure (ELI) ou o sistema OPAL.

Além da luz: uma porta para o desconhecido

Este avanço não apenas valida conceitos fundamentais da eletrodinâmica quântica. Ele também oferece uma ferramenta para explorar novas fronteiras da física. Por exemplo, o processo poderia ser usado para detectar partículas hipotéticas como os áxions, relacionados à matéria escura.

O facto de a simulação permitir acompanhar em tempo real a formação do novo pulso de luz torna este trabalho um guia experimental inestimável. Com lasers ultraintensos prontos a funcionar nos próximos anos, a verificação destes fenómenos já não parece distante. Gerar luz no vácuo, sem matéria, está a deixar de ser ficção científica.

Mila/ author of the article

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