Pescador navegava quando encontrou um iceberg preto em forma de «diamante»: glaciologista compartilha a explicação científica do fenómeno

Um pescador das Ilhas Faroé fez uma descoberta incomum enquanto trabalhava sozinho em águas próximas à costa do Canadá.

Hallur Antoniussen notou uma figura singular no horizonte. A cerca de seis quilómetros do seu barco, avistou o que parecia ser uma grande massa flutuante. Ao aproximar-se, descobriu que se tratava de um iceberg preto, cuja forma, segundo ele, se assemelhava a um diamante brilhante.

«Não é apenas preto, a sua forma é quase perfeita»

Ao contrário dos tradicionais blocos de gelo branco que caracterizam a paisagem do Atlântico Norte, o iceberg tinha um tom escuro que o destacava sobre o mar.

«Vi icebergs que rolaram sobre a praia e trouxeram algumas rochas no seu interior, mas isto é completamente diferente. Não só é preto, como a sua forma é quase perfeita, como um diamante. Foi impressionante», disse Antoniussen em entrevista à CBC Radio.

Embora a cena tenha inicialmente causado medo, o pescador decidiu manter a distância por precaução, mas aproveitou para capturar imagens do fenómeno. As fotografias, rapidamente partilhadas nas redes sociais, chamaram a atenção de milhares de utilizadores e geraram perguntas sobre a causa do aparecimento do iceberg.

A origem da cor escura, segundo um glaciologista

Entre os especialistas que viram as imagens estava o Dr. Lev Tarasov, glaciologista da Memorial University of Canada, que ofereceu uma explicação científica para a coloração incomum. De acordo com o especialista, esses fenômenos têm uma base completamente natural.

À medida que os glaciares se movem lentamente em direção ao mar, eles podem colidir com o leito rochoso, arrastando sedimentos, pedras e restos vegetais.

Esses elementos ficam presos no interior do gelo e, ao se separarem da geleira, formam blocos com faixas escuras ou mesmo completamente pretas. O bloco que Antoniussen viu é um exemplo claro desse processo.

O iceberg pode ter girado e mostrado sua base

Além disso, Tarasov levantou uma hipótese sobre a parte do iceberg que ficou exposta ao pescador.

“Com o tempo, à medida que o iceberg derrete, seu centro de gravidade muda e ele pode girar, deixando exposta sua base, que é mais densa, compacta e, muitas vezes, mais escura”, explicou o glaciologista. Essa rotação é comum e pode alterar a aparência do gelo ao entrar em contato com a água.

A superfície mais densa, que geralmente permanece submersa, pode emergir quando o equilíbrio do bloco muda, mostrando assim uma cor e uma textura diferentes das conhecidas.

Uma testemunha de tempos remotos

O gelo que forma esses blocos pode ter uma idade considerável. Pesquisas realizadas na Groenlândia revelam que o gelo que se desloca em direção ao oceano pode ter até 100.000 anos. Isso indicaria que o iceberg preto capturado por Antoniussen é uma peça milenar que veio à tona devido ao derretimento acelerado nas zonas polares.

Acredita-se que este iceberg preto possa ter se originado na baía de Baffin e percorrido o trajeto até o canal Hopedale, no Canadá, onde foi finalmente avistado.

Trata-se de uma rota extensa que oferece tempo suficiente para que o bloco de gelo sofra múltiplas transformações em sua forma e cor.

Mila/ author of the article

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