Pela quarta vez na história, os recifes de coral do mundo estão passando por um episódio de branqueamento em massa. Cientistas alertam que esse fenômeno, ligado às alterações climáticas, pode marcar o início de uma perda irreversível de ecossistemas marinhos essenciais para o planeta.
Abaixo da superfície do mar, uma tragédia está a desenrolar-se silenciosamente. Os recifes de coral, essenciais para a vida nos oceanos e para milhões de pessoas, estão a enfrentar um novo episódio de branqueamento em escala global. E desta vez, os especialistas temem que as consequências sejam mais graves do que nunca.
O branqueamento dos corais ocorre quando estas estruturas vivas, altamente sensíveis ao calor, expelem as algas que lhes dão cor e nutrientes em resposta ao aumento da temperatura do mar. Quando isso acontece, os corais perdem a cor, ficam enfraquecidos e podem morrer se o stress térmico persistir.
No dia 15 de abril, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) confirmou que o planeta está a atravessar o seu quarto evento de branqueamento coralino em massa, um fenómeno que já afeta recifes no Pacífico, no Oceano Índico, no Mar das Caraíbas e em zonas do Atlântico tropical. O alerta foi emitido após a análise de dados de satélite e relatórios de campo de cientistas de mais de 100 países.
Este tipo de evento está a tornar-se mais frequente e severo. O primeiro ocorreu em 1998, seguido por episódios em 2010 e entre 2014 e 2017. Agora, o de 2023-2024 está a bater novos recordes de impacto e extensão.
O que significa este branqueamento em massa para o futuro do oceano
Os recifes de coral são considerados as “florestas tropicais do mar”, pois abrigam aproximadamente 25% de toda a biodiversidade marinha. Além disso, são barreiras naturais que protegem as costas de tempestades, fornecem alimento a milhões de pessoas e sustentam economias locais através do turismo e da pesca.
De acordo com a NOAA e o grupo internacional Coral Reef Watch, o novo evento de branqueamento está diretamente relacionado com o aumento global das temperaturas oceânicas provocado pelas alterações climáticas. A combinação entre um oceano cada vez mais quente e fenómenos naturais como o El Niño acelera esta deterioração.
Embora o branqueamento não implique a morte imediata, deixa os corais num estado extremamente vulnerável. E se não se recuperarem, desencadeia-se uma reação em cadeia que pode desestabilizar todo o ecossistema marinho circundante.
O aviso é claro: sem uma redução drástica das emissões e uma mudança global nas políticas ambientais, estamos a assistir ao início do colapso de um dos ecossistemas mais valiosos do planeta. E o oceano, embora vasto, tem limites.
