Em um mercado global onde o ouro costuma atrair todas as atenções, existe um metal que supera amplamente o seu valor e cuja produção está quase exclusivamente concentrada em um único lugar do mundo.
Este metal, indispensável nas tecnologias modernas e na luta contra a poluição, é tão raro e complexo de obter que o seu preço disparou para níveis surpreendentes.
Longe das grandes potências mineiras tradicionais, o seu principal depósito encontra-se num país africano, que se tornou a referência mundial para a sua extração e comercialização. Quer saber de que metal se trata?
África do Sul e o depósito de Bushveld: o epicentro mundial do ródio
A África do Sul domina a produção global de ródio, concentrando aproximadamente 80% da oferta mundial, sendo o depósito de Bushveld a sua joia mais preciosa. Este complexo mineralógico destaca-se pela sua riqueza em ródio e por albergar outros metais do grupo da platina.
O ródio em Bushveld é extraído em concentrações muito maiores do que em qualquer outro lugar do planeta, variando entre 0,5 e 10 gramas por tonelada de rocha, um nível extraordinário considerando que em outros locais mal chega a 0,001 gramas por tonelada.
Este metal é obtido como subproduto da mineração de platina na África do Sul, enquanto noutros países é recuperado a partir de minerais de níquel ou prata, em quantidades muito mais limitadas.
A geologia única de Bushveld, onde magmas profundos arrefeceram formando complexos sulfurosos ricos em ródio, é a principal razão pela qual a África do Sul mantém a sua posição de líder mundial neste metal tão valioso.
Assim é o ródio: características, aplicações e seu valor excepcional
O ródio é um metal branco prateado, conhecido pela sua alta resistência à corrosão e pelo seu elevado ponto de fusão, superando até mesmo o platina. Foi descoberto no século XIX e o seu nome vem do grego Rhodos, que faz referência à sua ocasional tonalidade rosada.
Embora seja pouco conhecido do público em geral, o seu valor é impressionante: hoje pode custar mais de 500 000 euros por quilo, superando amplamente o ouro e a platina, conforme informa Vive Más Vidas.
A sua principal utilização é na indústria automóvel, onde é utilizado em conversores catalíticos para reduzir a emissão de gases poluentes, transformando óxidos de nitrogénio em gases menos nocivos.
Esta função tem sido fundamental para o controlo da poluição em veículos a combustão e híbridos desde os anos 80. Além disso, o ródio é essencial em tecnologias emergentes, como turbinas eólicas, isolantes térmicos e materiais refletores, bem como em pesquisas sobre fotossíntese artificial para energias limpas.
Por outro lado, é usado em joalharia para revestir ouro branco e dar-lhe maior resistência e brilho.
Investimento em ródio e perspetivas do mercado global do metal mais valioso
O investimento em ródio é considerado de alto risco devido à sua volatilidade, embora o seu valor tenha crescido 3.000% na última década. Depois de atingir um recorde histórico em 2021, o seu preço permanece elevado, impulsionado pela crescente procura e pela oferta limitada.
A reciclagem recupera apenas uma parte do metal consumido, o que não é suficiente para cobrir as necessidades industriais, especialmente na União Europeia, que depende em grande parte das importações para a sua indústria automóvel e tecnológica.
A concentração geográfica da produção, a complexidade da sua extração e a procura constante tornam o ródio um recurso estratégico a nível mundial. O seu papel na transição energética e na redução da poluição tornam-no indispensável, enquanto o seu preço reflete o delicado equilíbrio entre a oferta e a procura que marca o seu futuro.