Um tipo misterioso de cavidades no esmalte dentário do Paranthropus, um género de parentes humanos extintos, tem intrigado os especialistas há décadas. Mas novas pesquisas sugerem que os aglomerados de cavidades são genéticos e não evidências de uma doença, tornando-os fundamentais para uma melhor compreensão da árvore genealógica humana.
«Os dentes preservam uma quantidade incrível de informação biológica e evolutiva», disse o coautor do estudo, Ian Towle, investigador do Laboratório de Investigação Paleodietética da Universidade Monash, na Austrália, à Live Science. «Este tipo específico de cavidades pode vir a ser um marcador único para certas linhagens evolutivas, ajudando-nos a identificar fósseis.»
Towle e os seus colegas detalharam as suas descobertas num estudo publicado na edição de julho do Journal of Human Evolution. A equipa revelou que as cavidades «uniformes, circulares e superficiais» (UCS) no esmalte espesso dos molares posteriores dos parentes do Paranthropus são um padrão invulgar e interessante.
Durante o crescimento e o desenvolvimento, a camada de esmalte dos dentes pode ser afetada por questões ambientais, como a desnutrição, levando a defeitos na espessura ou composição do esmalte. Mas esses defeitos aparecem normalmente como linhas ou cavidades individuais, em vez de aglomerados UCS.
Para compreender melhor quais os parentes humanos antigos que apresentavam cavidades UCS, os investigadores analisaram dezenas de dentes de hominídeos que viveram na África Oriental e Austral há 3,4 milhões a 1,1 milhões de anos. Os investigadores descobriram que as cavidades UCS invulgares eram comuns em sítios arqueológicos sul-africanos onde viveu o Paranthropus, e que cerca de metade dos indivíduos apresentava este tipo de cavidades.
Mas encontraram apenas alguns casos de possível UCS noutras espécies hominídeas antigas.