A chegada da primavera não traz apenas flores ao pátio da escola de Hausjärvi, no sul da Finlândia. Também marca o regresso de um visitante mais esquivo. Há anos que as víboras são avistadas nas imediações do recinto escolar, causando inquietação entre os alunos e funcionários. Em 2025, o município decidiu dar um passo além da simples transferência dos répteis e recorrer a soluções estruturais.
Para isso, o especialista em manejo desses répteis Toni Beckman, convidado pelo município, inspecionou a área. Segundo a Yle, o cientista explicou que as cobras permanecem nas proximidades porque o terreno oferece condições ideais para sua sobrevivência: “O talude da ferrovia é coberto de cascalho e pedras que retêm o calor. Além disso, há sombra, água e alimento disponível”, detalhou Beckman.
Ele também descobriu que a maioria dos exemplares que se afastam para o pátio são machos em busca de fêmeas durante a época de acasalamento. A passagem constante de comboios junto à escola não altera os seus padrões de comportamento. «Elas estão habituadas. Uma cobra trazida de outro lugar provavelmente ficaria stressada com as vibrações, mas estas já são residentes adaptadas», assegurou.
A escola, chamada Monni, já tem uma cerca de aço que a separa da ferrovia, mas não é suficiente. Beckman propõe uma solução mais permanente: instalar uma cerca adicional, baixa e de material denso, como lona resistente ou tela fina, que impeça o acesso dos répteis sem alterar o ecossistema. «As víboras trepam mal se não encontram onde se agarrar. Uma cerca bem projetada poderia reduzir consideravelmente a sua presença no pátio», recomendou.
Este caso não é isolado
Não é a primeira vez que Beckman intervém na escola. Na primavera de 2023, a sua primeira visita incluiu a captura de vários exemplares e uma formação para o pessoal e os alunos sobre como agir na presença de cobras. Para o transporte seguro das cobras, o especialista utiliza um saco térmico especializado que protege tanto o animal como quem o transporta.
Segundo informou à Yle, o especialista adverte que a relocalização deve ser feita em áreas muito próximas do habitat original para evitar a desorientação ou o stress dos répteis. Por isso, insiste: «O ideal não é movê-los, mas evitar que cheguem a áreas sensíveis». O município está agora a estudar a viabilidade da cerca proposta como solução a longo prazo.