Após mais de dois séculos debaixo de água, os investigadores confirmaram o local do descanso final do navio perdido do capitão James Cook, ao largo da costa de Rhode Island. A investigação arqueológica durou mais de 25 anos e põe fim a um mistério marítimo que durou 250 anos.
O relatório vem do Museu Marítimo Nacional da Austrália, que confirma que os destroços localizados no sítio arqueológico RI 2394, sob as águas do porto de Newport, em Rhode Island (Estados Unidos), pertencem ao famoso navio do século XVIII que naufragou em 1778, o HMS Endeavour.
Identificado o local do descanso final do Endeavour
O navio, conhecido simplesmente como Endeavour, foi o que o capitão James Cook utilizou para navegar pelo Pacífico e que levou o famoso explorador britânico à Austrália e Nova Zelândia entre 1768 e 1771. O Endeavour deu a volta ao mundo e tornou-se o primeiro navio do Velho Continente a atracar no leste da Austrália e circunavegar a Nova Zelândia.
Apesar dessa fama, o navio estava envolto em um halo de mistério há muito tempo, porque foi reutilizado e renomeado. A conclusão desse dilema é que o transporte de tropas britânico Lord Sandwich era, no passado, o próprio Endeavour, de acordo com evidências históricas e arqueológicas.
James Cook consagrou-se como um dos exploradores mais populares da história, embora o seu navio não tenha tido a mesma sorte, caindo no esquecimento e acabando por se tornar um transporte de tropas. De facto, os documentos comprovam que foi vendido em 1775, rebatizado como Lord Sandwich e finalmente afundado ao largo da costa dos Estados Unidos em 1778, durante a Guerra da Independência dos Estados Unidos. Foi afundado intencionalmente junto com outros navios como parte de um bloqueio naval.
Declaração definitiva
«Este relatório final é o culminar de 25 anos de estudo arqueológico detalhado e meticuloso sobre este importante navio. Envolveu uma investigação subaquática nos Estados Unidos e uma extensa investigação em instituições de todo o mundo», explicou o diretor do museu, Daryl Karp, como conclusão de 25 anos de estudo, já que o Museu Marítimo Nacional da Austrália estava à procura do navio perdido desde 1999.
As provas
Após um minucioso trabalho de investigação, os especialistas conseguiram encaixar as peças do quebra-cabeças histórico: ao comparar os destroços com os planos originais do Endeavour, descobriram que várias das vigas coincidiam milimetricamente com a posição do mastro principal e do mastro de proa do lendário navio de James Cook. As dimensões do casco afundado também correspondiam às medições recolhidas durante o reconhecimento oficial do navio em 1768. E como prova definitiva, a análise da madeira revelou uma origem europeia, tal como documentado nos registos da sua reparação em 1776, anos após a sua emblemática viagem. Tudo coincidia.
No entanto, tendo em conta que foi afundado intencionalmente, é improvável que sejam encontrados objetos ou elementos que nos lembrem a época do capitão Cook, uma vez que tudo o que tinha valor já teria sido retirado do navio.
Atualmente, restam apenas cerca de 15% do navio, pelo que os investigadores estão a concentrar os seus esforços na conservação, trabalhando com as autoridades americanas para proteger o pouco que resta deste navio histórico.
A última viagem do Endeavour
Chega ao fim uma longa viagem. Para a Austrália, o Endeavour marca o ponto de partida da colonização europeia, mas para muitos povos do Pacífico, a sua memória tem outro significado: é o símbolo de uma ruptura profunda, o momento em que a sua história deu uma guinada irreversível.