Durante séculos, mitos foram tecidos em torno de Cristóvão Colombo. Ele era realmente genovês? Convertido? Ou escondia um segredo obscuro? Um renomado historiador acaba de derrubar quatro das crenças mais difundidas sobre o descobridor da América, em uma entrevista para o ABC.
Nesse sentido, Mira Carballos denuncia que muitas das versões atuais sobre o navegador não resistem à mais mínima análise historiográfica. «Estamos a assistir a uma espécie de revisionismo de mercado». O seu objetivo: separar a lenda do personagem real e devolver o protagonismo à história documentada.
Ele não era catalão, valenciano nem galego
O historiador, uma das vozes mais respeitadas na historiografia colonial, deixa claro: «Não há dúvida de que Colombo era genovês». Isso é comprovado por documentos notariais, seu próprio testamento e as palavras de cronistas contemporâneos como Antonio Gallo. Embora várias teorias apontem para origens ibéricas ou mesmo secretas, Mira Carballos insiste que nenhuma delas se sustenta documentalmente: «Tudo o resto é mito ou especulação».
O ADN não pode reescrever a história
O recente documentário da RTVE que apresenta um Colombo sefardita causou polêmica. Mas Mira Carballos é categórico: «Sem uma abordagem histórica rigorosa, as conclusões do documentário carecem de validade científica». Ele critica que os estudos genéticos citados nem sequer passaram por revisão científica: «Uma teoria não pode anular séculos de evidências documentadas».
Os historiadores sérios não têm dúvidas
O historiador admite a possibilidade de uma origem judaico-convertida por parte da mãe de Colombo. No entanto, esclarece: «Isso não muda nada. Colombo era um cristão praticante e devoto». Esta identidade foi fundamental na sua relação com os Reis Católicos e no seu acesso à corte».
«Qualquer especialista com formação historiográfica sabe que a origem genovesa está mais do que comprovada», afirma Mira Carballos. E salienta que aqueles que defendem outra tese tendem a ignorar ou distorcer os documentos primários. Para ele, a insistência em versões alternativas responde mais a desejos nacionalistas ou sensacionalistas do que a uma investigação séria.
A figura de Cristóvão Colombo continuará a suscitar debates, mas, como lembra Esteban Mira Carballos, nem tudo vale em nome da «reinterpretação histórica». Perante teorias sem suporte documental, a investigação séria continua a apontar numa direção clara: Colombo era genovês, navegador habilidoso, cristão convicto e protagonista de uma era de mudanças radicais.