Um novo estudo afirma que as árvores urbanas já poupam às cidades centenas de milhões em custos com águas pluviais, mas demonstra que poderiam fazer ainda mais

Ao aproveitar o «fluxo do tronco» (a água da chuva concentrada que corre pelos troncos das árvores), poderíamos reduzir ainda mais o escoamento e proporcionar irrigação gratuita para os jardins comunitários.

  • Árvores urbanas: capturam água da chuva, reduzem o escoamento.
  • Fluxo pelo tronco (stemflow): canaliza a água para o solo, melhora a infiltração.
  • Infraestrutura azul-verde: combina vegetação e gestão hídrica.
  • Benefícios das árvores urbanas: menos inundações, mais biodiversidade, melhor qualidade do ar.
  • Seleção de espécies: fundamental para maximizar os benefícios hídricos.

Função das árvores urbanas na gestão da água

As árvores em ambientes urbanos desempenham um papel crucial na gestão sustentável da água. Através da intercepção da água da chuva, da transpiração e da infiltração, contribuem significativamente para reduzir o escoamento superficial.

O que é o fluxo pelo tronco (stemflow)?

O fluxo pelo tronco é o processo pelo qual a água da chuva, após ser interceptada pela copa da árvore, flui ao longo dos galhos e do tronco até chegar ao solo na base da árvore. Esse mecanismo direciona a água diretamente para as raízes, facilitando sua absorção e reduzindo o escoamento superficial.

Integração na infraestrutura azul-verde

A infraestrutura azul-verde combina soluções baseadas na natureza para gerir a água da chuva e melhorar a qualidade do ambiente urbano. Integrar árvores que otimizam o fluxo pelo tronco nesta infraestrutura pode:

  • Aumentar a infiltração da água no solo.
  • Reduzir a carga sobre os sistemas de esgotos.
  • Melhorar a qualidade da água ao filtrar contaminantes.
  • Mitigar o efeito de ilha de calor urbana.

Seleção de espécies e desenho urbano

Para maximizar os benefícios do fluxo pelo tronco, é essencial:

  • Escolher espécies com casca lisa e ramos com ângulos agudos, que favoreçam o fluxo da água para o tronco.
  • Desenhar espaços verdes que permitam a infiltração da água na base das árvores.
  • Evitar superfícies impermeáveis ao redor das árvores que impeçam a absorção da água.

Integrar o fluxo pelo tronco no planeamento urbano oferece múltiplos benefícios:

  • Redução de inundações: ao diminuir o escoamento superficial.
  • Recarga de aquíferos: através de uma maior infiltração da água.
  • Melhoria da biodiversidade: ao criar habitats mais húmidos e saudáveis.
  • Qualidade do ar e redução de CO₂: graças a árvores mais saudáveis e eficientes.

Aproveitar o fluxo pelo tronco na infraestrutura urbana não só melhora a gestão da água, mas também contribui para cidades mais resilientes e sustentáveis.

O que diz o estudo

O estudo “Tapping the Urban Forest: Integrating Tree Canopy Runoff (Stemflow) into Blue-Green Infrastructure” analisa como o fluxo pelo tronco (stemflow) pode ser um recurso subutilizado na gestão da água da chuva urbana. As suas conclusões mais relevantes são:

  • O fluxo pelo tronco representa um volume significativo de água, especialmente em árvores urbanas, onde pode exceder a capacidade de infiltração do solo se não for gerido corretamente.
  • Esta água, ao descer pela casca, arrasta nutrientes como nitrogénio, fósforo e potássio, o que a torna uma fonte útil para irrigação em hortas urbanas e zonas verdes.
  • O estudo propõe recolher e redirecionar o fluxo pelo tronco através de sistemas simples, formados por colares não invasivos, tubos flexíveis e depósitos ou canais de infiltração, com um custo estimado entre 70 e 100 dólares por árvore.
  • Foram identificadas áreas ótimas de captação («prime canopy areas») em quatro cidades dos EUA (Filadélfia, Cleveland, Tampa e Phoenix), que variam entre 8,4 % e 16,6 % do total da sua cobertura florestal urbana.
  • Redirecionar o fluxo pelo tronco poderia capturar entre 25.000 e 100.000 m³ de água por ano numa cidade média, economizando custos municipais e reduzindo a carga sobre os sistemas de esgoto.
  • Os nutrientes contidos no stemflow poderiam suprir parte das necessidades de fertilização na agricultura urbana, contribuindo também para diminuir a poluição difusa em corpos d’água.
  • O estudo enfatiza que esta técnica é escalável, de baixo custo e fácil de implementar, e que pode ser adaptada a diferentes condições climáticas, urbanas e normativas.
  • Também alerta para possíveis riscos químicos, como a presença de aleloquímicos em espécies como Ailanthus altissima ou Juglans nigra, e de contaminantes atmosféricos como metais pesados ou hidrocarbonetos, o que torna necessária uma seleção cuidadosa de espécies e locais.

 

 

Mila/ author of the article

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