O plano do MIT para obter energia infinita funciona: sua broca de plasma passa em um teste crucial

A empresa Quaise, fundada por pesquisadores do Plasma Science and Fusion Center do MIT, acaba de testar uma nova tecnologia com a qual pretende acabar de uma vez por todas com os problemas energéticos da humanidade. O objetivo não poderia ser mais ambicioso, mas a sua nova broca de micro-ondas, segundo eles, é capaz de penetrar na rocha como se fosse manteiga e atingir profundidades nunca antes alcançadas pela tecnologia humana. Um terreno que esconde uma fonte de energia que durará milhões de anos.

A tecnologia de perfuração da Quaise permite penetrar mais de 20 km abaixo da superfície e aproveitar as temperaturas de quase 500 °C encontradas lá para gerar energia em qualquer parte do planeta.

Para conseguir isso, a empresa quer reconverter antigas usinas térmicas a carvão e gás e reutilizar suas turbinas que geram eletricidade 24 horas por dia usando vapor supercrítico — uma fase em que a água não é líquida nem gasosa e que ocorre acima de 375 °C — obtido nessas profundidades.

Este resultado é impossível de alcançar com a geotermia convencional, que já fornece energia gratuita a países como a Islândia, mas depende muito da localização e é muito limitada. Carlos Araque, diretor executivo da Quaise, afirmou numa entrevista para a Novaceno que a sua «geotermia pode fornecer a escala de energia de que a nossa civilização necessita de uma forma muito mais rápida e eficaz do que a fusão nuclear, que ainda está longe de ser uma realidade viável».

Perfurar mais fundo do que nunca

A tecnologia da Quaise é inspirada num processo desenvolvido pelo investigador Paul Woskov no MIT. E baseia-se em aparelhos chamados girotrones, dispositivos que geram feixes de micro-ondas direcionados para derreter a rocha mais dura até atingir as profundidades onde são geradas as altas temperaturas que procuram.

Obter vapor supercrítico é fundamental para este processo. A água mantém a densidade de um líquido, mas flui como vapor e retém muito mais entalpia (energia térmica) do que o vapor normal, o que significa mais energia com menos água.

O problema é que, para trabalhar nessas condições de temperatura, é necessária uma broca feita de um material nada comum. Nem mesmo o aço da mais alta qualidade serviria, pois amolece e deforma a 300 °C. Nem mesmo os feitos de carboneto e diamante, que acabam se decompondo da mesma forma.

A Quaise apresentou agora uma nova broca que, combinada com um giroscópio aprimorado, foi capaz de criar um buraco em uma mistura de rocha de granito e basaltocomo se fosse manteiga.

Como funciona

Conforme explica a New Atlas, para a sua demonstração, «a Quaise alimentou com 50 000 volts de corrente contínua um giroscópio de 100 kW (um novo, luxuoso e 60% mais eficiente)», afirmam. Também «utilizou a broca a cerca de 48 kW, queimando 2 cm por minuto».

Para isso, a onda milimétrica produzida pelo sistema tem de ser reorientada com precisão à medida que a broca penetra no subsolo. Essa energia desce pela broca até ao lançador giratório, que lança as ondas e vai criando um orifício redondo com cerca de 10,2 cm de diâmetro.

O lançador emite uma rajada de energia de ondas milimétricas fundidas a 1.700 °C que derrete a rocha sólida até a transformar em um plasma viscoso. A rocha restante é introduzida nas paredes do buraco, onde esfria e reveste a cavidade.

O plano para obter energia ilimitada

O último teste da empresa foi um sucesso, mas o projeto também conta com o apoio teórico de estudos científicos, como este da Nature, que afirma que o plano funciona.

Agora, a Quaise está a trabalhar para criar uma nova broca muito mais potente para uso em escala real. No próximo mês, a empresa terá à sua disposição um novo girotron de 1 MW para realizar novos testes. O novo equipamento, estimam, será capaz de escavar até 150 m de profundidade a cerca de 30 cm por hora.

A empresa norte-americana garante que pretende ter uma central geotérmica de 50 MW em funcionamento em Bend, Oregon (EUA), dentro de três anos. O plano é começar com um sistema de 20 MW que utilize perfuração convencional, seguido de outro de 30 MW no terceiro ano que funcione com a sua tecnologia de ondas milimétricas.

«O produto comercial é a energia limpa, não a broca», afirma Araque em declarações ao meio de comunicação inglês. «No futuro, dividiremos o mundo em níveis 1, 2 e 3, e o custo nivelado da energia estará entre 50 e 100 dólares, independentemente da parte do mundo em que se esteja».

Mila/ author of the article

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